Uma nova administração, desvinculada da anterior,
toma posse em 1º de janeiro de 2009
Por Hilário Barbian
Reuniões do secretariado, vários realises aos meios de comunicação e agora um documento – o de maior conteúdo, afora o plano de governo - apontando as ações para os primeiros 100 dias do Governo de Ballin e Bira. Estes são os dados que o analista tem em mãos para começar a medir a que veio o governo eleito em 5 de outubro passado. Mesmo que pese por sobre as cabeças de Ballin e Bira o fantasma da cassação – cujo fenômeno ronda o município, podendo haver novidades nos primeiros dias de janeiro – os eleitos arregaçaram as mangas e foram ao trabalho. Constituíram e anunciaram o secretariado no dia 12 de dezembro e foram diplomados no mesmo dia, o que foi uma grande vitória dentro da conjuntura de insegurança a qual os governantes haviam sido jogados após a cassação. De vitória em vitória, Ballin e Bira vão avançando apesar dos percalços.
Sem dúvida – usando o bordão de Ballin enquanto seu cérebro busca uma resposta afirmativa diante de uma pergunta escabrosa – ele e Bira têm méritos que podem ser somados. Não se dobraram diante do espectro da cassação. Ao contrário, redobraram os esforços passando a trabalhar diuturnamente. Acossados pela possibilidade da perda do mandato, eles querem mostrar ao juiz que os cassou e ao Tribunal Regional Eleitoral que os julgará em fevereiro ou março de 2009, que a pena que lhes foi imposta é injusta e que precisam ser anistiados.
Mas dentro de toda esta turbulência, agora uma nova faceta começa a se impor. A liberação do documento com as ações para os primeiros 100 dias dá uma mostra da cara que Ballin e Bira querem dar ao novo governo. Exprimidos por um resultado eleitoral exíguo – foram apenas 2062 votos sobre Piaia e Burmann – eles sabem que os próximos quatro anos são fundamentais para uma nova vitória em 2012. Se não fizerem um bom ou excelente governo os eleitores se cobrarão elegendo um governo de oposição que pode ter a frente Piaia, o candidato que reúne as melhores condições de um enfrentamento de igual para igual.
Ainda que por educação todos elogiam o prefeito Valdir Heck – que deixa o cargo após oito anos consecutivos como mandatário do paço municipal, sem contar os quatro anos anteriores – todos os dirigentes do PDT sabem que o partido encolheu durante este período, necessitando do apoio do PT/PTB/PV para a vitória. Mesmo que a ênfase seja em enaltecer o prefeito que sai, o objetivo é estabelecer uma clara linha demarcatória entre o que foi o governo de Valdir Heck e o que será o governo de Fioravante Ballin.
Só assim pode-se compreender o plano de ação para os 100 primeiros dias da nova administração. Ao se ler atentamente o documento, os mais desavisados vão pensar que se está diante de um governo da oposição que toma posse a 1º de janeiro de 2009. Sabem a assessoria de comunicação, bem como os governantes eleitos e seus secretários, que as palavras têm peso e medida. Observado sob este ângulo o documento não economiza em verbos que tem tudo para mostrar uma nova administração, diferente da de Heck.
A começar pelo que é atribuído no documento a Ballin: “Os primeiros dois meses devem ser trabalhados com muita calma, uma vez que temos que reestruturar muitas coisas”. A expressão “reestruturar muitas coisas” tem a conotação clara de rever ações do governo de Valdir Heck. Na prática, a faceta do novo governo já se esboçou com a divulgação do secretariado. Só um secretário de Valdir permaneceu, que é o professor Irani Paulo Basso, já que não pode ser contado Claudiomiro Pezzetta que apenas está no cargo para dar lugar ao professor Sergio Pires na Câmara. A conta pelo declínio do PDT também está sendo atribuído ao secretariado de Valdir Heck. Daí a enorme renovação, o que já era visível durante a campanha.
Sob esta ótica consegue-se compreender o uso de verbos que interligam as frases. Em ordem decrescente aparece seis vezes a expressão “desenvolver”; cinco vezes aparece “implantar”; quatro vezes “elaborar”; três vezes “reavaliar”; três vezes “reorganizar”; duas vezes “formatar”. As expressões “avançar”, “dinamizar”, implementar”, “apoiar” foram usadas uma vez. A expressão “dar continuidade” só aparece duas vezes. Se o seu uso fosse mais generalizado mostraria apreço ao governo de Valdir, o que parece não existir pelo documento divulgado.
As farpas do velho secretariado para o novo secretariado já aparecem antes mesmo da posse. Rúblio Viecilli, secretário que está limpando as gavetas, disse em bom tom na Rádio Repórter na manhã de 3ª feira, que seu substituto professor Suimar Bressan tem o dever de carrear de Brasília para Ijuí de 8 a 10 milhões de reais ao ano.
Ijuí (RS), 30 de dezembro de 2008