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Jornalista que atirou sapato em Bush se apresenta à Corte

Iraquiano admite ao juiz que queria acertar líder americano; grupo Repórteres Sem Fronteiras pede libertação

O jornalista iraquiano que lançou sapatos contra o presidente americano George W. Bush se apresentou nesta terça-feira, 16, perante um juiz e admitiu ter tentado atingir o chefe de Estado, informou um porta-voz do Alto Conselho Judicial. "Muntazer Al-Zaidi admitiu a ação", disse Abdul Satar Birqadr. Pouco antes, a A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) havia pedido sua libertação.

"Evidentemente, lamentamos que o jornalista tenha utilizado esse procedimento para protestar contra a política do presidente americano. Mas, por razões humanitárias e para amenizar as tensões, pedimos a liberdade de Muntazer al-Ziadi, que está há dois dias detido pelas autoridades iraquianas", indica a RSF em comunicado.

A organização diz ainda que solicitou "aos serviços de segurança iraquianos que garantam a integridade física do jornalista, que visivelmente se feriu durante a detenção". Procurado pela RSF, o responsável de operações do Ministério do Interior iraquiano, Abdel Karim Khalaf, explicou que o repórter foi detido em "flagrante delito" de "ofensa a um chefe de Estado estrangeiro" e que pode ser condenado a até sete anos de prisão.

Segundo esse membro do ministério, o jornalista não sofreu maus tratos. Nesta terça, o irmão do repórter disse que al-Zaidi foi espancado na prisão e está ferido. Dhirgham al-Zaidi, afirmou à BBC que o jornalista teve a mão e as costelas quebradas por conta do espancamento e teria sofrido sangramento interno e um ferimento no olho.

A BBC tentou entrar em contato com o Conselheiro de Segurança Nacional iraquiano, Mowaffaq al-Rubaie, mas ele não estava disponível para comentar as alegações feita pelo irmão do jornalista. Dhirgham disse ainda que vários advogados se ofereceram para ajudar o irmão, mas que nenhum deles teve acesso a al-Zaidi desde que ele foi detido.

O ato converteu o jornalista desconhecido de uma emissora de pequena importância em um herói nacional para muitos iraquianos fartos da ocupação americana desde 2003. Em entrevista após a tentativa de agressão, Bush qualificou o episódio de "um dos momentos mais bizarros" de seus oito anos de Presidência.