Assim que o ser humano começou a refletir sobre o mundo que o cercava, sem dúvida teve que observar que vivia junto com outros indivíduos, partilhando com eles trabalhos e alimentos, formando famílias, clãs e tribos em cujo interior cada pessoa desempenhava um papel determinado, definido por sua idade, sexo, relações de parentesco, trabalho etc. A reflexão sobre as formações sociais humanas, portanto, ocorreu em momento bastante precoce da vida inteligente da humanidade. No decorrer da história, os pensadores enfocaram o tema social em todas as épocas, a partir de pontos de vista muito diversos: analisando, recolhendo conhecimentos anteriores e reestudando-os à luz de novas interpretações ou teorizando sobre especificidades políticas, jurídicas, filosóficas, históricas e demográficas das diversas sociedades. Mas a sociologia, como ciência da sociedade, surgiria apenas depois de muitos séculos. A palavra "sociologia" é de criação relativamente recente. Em sua concepção moderna, a sociologia deve seu nome a Auguste Comte, que o empregou pela primeira vez na década de 1830.
A filosofia clássica grega produziu reflexões sobre a natureza e os fins da sociedade. Platão e Aristóteles dedicaram boa parte de sua vida e obra ao estudo da estrutura e funcionamento da sociedade na qual viveram. Platão até mesmo se permitiu projetar uma formação social utópica que considerava perfeita e chegou a fazer algumas tentativas fracassadas de pô-la em prática. É de Aristóteles a famosa definição do homem como "animal social". Filósofos helênicos, doutores da Igreja Católica, teólogos e pensadores medievais, europeus e muçulmanos, juristas e geógrafos, todos contribuíram para a criação e o desenvolvimento de um rico acervo de pensamento social ao longo de mais de vinte séculos.
A partir do Renascimento, e muito especialmente no período do Iluminismo, diversos autores europeus aproximaram-se aos poucos e cada vez mais do pensamento propriamente sociológico, a partir de análises políticas, históricas ou de natureza jurídica ou econômica. As ciências experimentais começavam a progredir solidamente e nasceu a aspiração de introduzir a utilização do método ciêntífico nas ciências humanas. No começo do século XIX, Henri de Saint-Simon defendeu a criação de uma consciência positiva que estudasse os fenômenos sociais. Mas o criador do termo "sociologia" haveria de ser um de seus discípulos, Auguste Comte, um dos fundadores da sociologia científica.
Desde sua origem, a sociologia se nutriu, portanto, de contribuições de personalidades que, em princípio, obedeciam a impulsos de índole política, como é o caso de John Locke ou Jean-Jacques Rousseau, e de critérios tomados de empréstimo a outras áreas do saber, como os demográficos, de que Thomas Malthus é um exemplo, e os econômicos, como fez Adam Smith.
Comte e os "fundadores": Durkheim, Weber e Pareto
A sociologia chegou à maioridade no período que abrangeu as últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX. Três grandes autores foram os principais responsáveis pelo crescimento e consolidação da nova ciência: o francês Émile Durkheim, o alemão Max Weber e o italiano Vilfredo Pareto. Durkheim é tido como fundador da sociologia moderna. Foi o criador e incentivador da principal escola sociológica de seu tempo e seu magistério doutrinário e metodológico ainda se estende sobre a produção sociológica de autores do mundo inteiro um século depois do surgimento de sua obra capital, As regras do método sociológico. Pareto chegou ao domínio da sociologia a partir de uma disciplina muito próxima, a economia, e Weber desbravou os caminhos do conhecimento próprios das ciências humanas, que nem sempre coincidem com os utilizados habitualmente nas ciências experimentais.
Desde seus primórdios, o saber sociológico progrediu em direções muito distintas e formaram-se escolas muito diversas. As tendências do pensamento humanístico geral se incorporaram às teorias sociológicas, impondo "modismos" científicos, como o evolucionismo e o psicologismo, que deram lugar a interpretações muitas vezes grosseiras, forçadas e parciais dos fatos sociais. Assim, por exemplo, as teorias do evolucionismo, originalmente estabelecidas nas ciências biológicas, não tardaram a ser aplicadas às realidades sociais. Tais colaborações desfrutaram de certo prestígio, durante algum tempo, entre os indivíduos mais radicalmente tradicionalistas e sectários.
As contribuições e progressos doutrinários e práticos adotados por escolas sociológicas se viram afetados profundamente pelas distintas concepções políticas, econômicas e filosóficas sobre o ser humano e suas construções sociais imperantes em cada época e lugar.